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Sesc-DF lança projeto inédito de combate à pobreza menstrual

'​Sem acesso a banheiro, água, itens de higiene pessoal e absorventes, as mulheres em situação de vulnerabilidade social fazem parte de parcela da população no Distrito Federal que mais tem a saúde e a ...'

Publicado em 28/03/2023 00h00 Atualizado em 28/03/2023 00h00

​Sem acesso a banheiro, água, itens de higiene pessoal e absorventes, as mulheres em situação de vulnerabilidade social fazem parte de parcela da população no Distrito Federal que mais tem a saúde e a dignidade ameaçadas. Pensando neste ​debate, o Sesc-DF lançou na tarde desta terça-feira (28), na unidade da 504 Sul, o projeto “Mulheres que Cuidam de Si, Dignidade Menstrual". A inédita iniciativa desenvolvida pela coordenação de assistência social da instituição promoverá rodas de conversas e oficinas com temas relacionados aos direitos sociais das mulheres, além de atividade de modelagem, corte e costura para confecção de absorventes ecológicos.

O pontapé foi dado diante de um teatro lotado de mulheres que prestigiaram o evento. Diversas instituições, autoridades e convidados participaram do lançamento do projeto que quebra tabus e evidencia a profunda desproteção das mulheres em condições de vulnerabilidade. O presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, esteve presente na abertura e ressaltou a importância da iniciativa pioneira no Distrito Federal.



Foto: Kléber Lima


“Temos buscado atender as demandas das mulheres de todo o Distrito Federal, em especial as que vivem em situação de vulnerabilidade. São na verdade grandes heroínas. Quando assumimos essa gestão ressaltamos a importância em ser referência no Brasil, inclusive com projetos para mulheres. É uma iniciativa muito importante para que as pessoas tenham condições de ter acesso às informações corretas sobre esse tema", disse.

Quando condições básicas para lidar com a menstruação são precárias ou inexistentes, menstruar acaba se tornando um fardo para muitas mulheres e até mesmo uma questão de saúde pública. É o que ressalta a secretária da Mulher do Distrito Federal, Giselle Ferreira, que também compareceu no evento e valorizou a atuação do Sesc-DF acerca desse debate. “Sabemos a importância e a valorização que temos que dar para as instituições do Sistema Fecomércio-DF. Mais uma vez o Sesc-DF sai na frente. Porque quando você cuida de uma mulher, você esta cuidando de uma mãe, de uma filha, e isso é imensurável. A proposta dessa ideia vai de encontro com os objetivos do Governo de Brasília", disse a secretária.


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Foto: Kléber Lima


No Brasil, a pauta vem sendo gradativamente discutida. E para ajudar no combate de vários impactos sociais, o projeto do Sesc-DF também tem como objetivo estimular o diálogo sobre ciclo menstrual e a importância do autocuidado. Para isso, um bate-papo também foi proposto com a participação de especialistas sob o tema “Dignidade menstrual e a liberdade do corpo que sangra".


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Foto: Kléber Lima


A cientista social, pedagoga e especialista em Ensino de Sociologia pela Universidade de São Paulo, Daniela Resende Florio, participou da mesa redonda e salientou a necessidade de entender que menstruar é algo que não precisa ser motivo de vergonha. Pelo contrário, é sinal de que está tudo bem com o corpo. “Um dos pilares é levar a informação correta sobre o tema para as pessoas. É um projeto que também vai trazer empreendedorismo, vai emponderá-las e está quebrando tabus", reforçou.

Mais sobre o tema

Desde 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) considera o acesso à higiene menstrual um direito que precisa ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. No Brasil estima-se que 23% das meninas entre 15 a 17 anos não tem condições financeiras para adquirir produtos seguros para usar durante a menstruação. Outro problema aqui mesmo no nosso país é a falta de saneamento básico. Segundo a ONG Trata Brasil, 1,6 milhões de pessoas não tem banheiro em casa, 15 milhōes não recebem água tratada e 26,9 milhōes moram em lugares sem esgoto.

Em um cenário muito real, uma menina brasileira, além de não ter acesso à produtos de higiene menstrual, sequer tem privacidade para lidar com a sua menstruação, uma vez que sua casa ou escola podem não ter um banheiro adequado.

Os desafios são inúmeros. Além das questões sociais, a iniciativa do Sesc-DF leva em consideração impactos na saúde e no meio ambiente. Com isso, o foco está voltado para a promoção de ações de saúde e educação, e para o combate à desinformação sobre menstruação, ampliando o diálogo sobre o tema em instituições e milhares de famílias. Mais informações sobre o projeto e parcerias em 61 99617-7033.