'O termo intergeracionalidade vem sendo muito discutido nos últimos tempos, principalmente durante a pandemia. A sua definição nada mais é que, interações planejadas de grupos de pessoas com difere...'
Publicado em 14/07/2022 00h00 Atualizado em 14/07/2022 00h00
O termo intergeracionalidade vem sendo muito discutido nos últimos tempos, principalmente durante a pandemia. A sua definição nada mais é que, interações planejadas de grupos de pessoas com diferentes idades e em diferentes fases da vida. Pesquisas científicas mostram que a convivência de várias gerações promove melhora na cognição e estado de humor de idosos. Com o intuito de fomentar este debate, o Sesc-DF, por meio da coordenação de assistência social, está lançando o e-book Intergeracionalidade – Prevenção ao idadismo e construção de uma sociedade para todas as idades. A iniciativa propõe uma discussão acerca do tema com sugestões de atividades, desafios, indicações de filmes, livros e muito mais. A novidade já está disponível para ser baixada, clique aqui.
Mas afinal, por que se estuda este termo? Qual sua importância na saúde do idoso? Esses e outros questionamentos são tratados no e-book. A coordenadora de assistência social do Sesc-DF, Adriana Costa, explica que a novidade servirá para auxiliar a população fomentando a discussão do tema na sociedade e no contexto familiar. “É necessário que as pessoas entendam sobre este assunto que afeta diretamente, em especial, os idosos. Durante a pandemia, a intergeracionalidade e o idadismo estiveram presentes na convivência das pessoas. Isso acontece nas mais variadas formas, como pensar que o idoso não é capaz de acessar as novas tecnologias ou imaginar que, pela idade, a pessoa não é capaz de desempenhar determinada função, seja em casa ou no trabalho”, explicou Adriana.
A idade é uma das primeiras coisas que percebemos nas outras pessoas. O idadismo, que é o preconceito em relação a idade, surge quando ela é usada para categorizar e dividir as pessoas de maneira a causar prejuízos, desvantagens e injustiças. O Relatório mundial sobre o idadismo divulgado recentemente descreve uma estrutura de ação para reduzir esse fenômeno, incluindo recomendações específicas para diferentes atores, como por exemplo, governos, agências da ONU, organizações da sociedade civil e setor privado.
Por isso, nos dias 6 e 7 de outubro, o Sesc-DF promoverá o I Seminário em Longevidade – Desafios, oportunidades e experiência em intergeracionalidade. A iniciativa reunirá especialistas para fomentar debates que fortaleçam a qualificação do profissional que atua na área do envelhecimento humano em toda a sua abrangência. O seminário propõe ainda uma reflexão sobre alguns aspectos voltados para a discriminação das pessoas idosas e que trazem perdas significativas para saúde física, mental e social.
A coordenadora do Sesc-DF, Adriana Costa, defende que o processo de envelhecimento é de interesse das mais diversas áreas do conhecimento. E, neste sentido, a maneira como uma população e as suas várias gerações se compreendem e se comportam frente à passagem do tempo e ao processo de envelhecimento, reflete a própria concepção de uma sociedade. “Na pandemia essas discussões ficaram bastante latentes. Nosso objetivo é enfrentar as barreiras biopsicossociais que impossibilitam um envelhecimento saudável e a participação social de pessoas idosa”, disse Adriana.
O e-book foi escrito e desenvolvido pela coordenadora do Sesc-DF, Adriana Costa, e pela assistente social e especialista em Gerontologia, Ingrid Rochelle Rêgo Nogueira. O trabalho também contou com o prefácio feito pela terapeuta ocupacional e doutora em Gerontologia, Elcyana Bezerra Carvalho, além da colaboração da professora Leda Freitas Maciel e ilustração e diagramação de Julião Jr.
Em virtude do grande envelhecimento populacional, estudiosos vem traçando estratégias e intervenções em busca de proporcionar qualidade de vida aos idosos. Uma das intervenções no nicho da cognição que vem mostrando bons resultados para melhora de funções cognitivas de idosos é a realização de programas e estimulação cognitiva intergeracional.
Segundo a assistente social e especialista na área, Ingrid Nogueira, o idadismo foi intensificado no período da pandemia, sendo expresso, inclusive, em memes na Internet, com foco na infantilização e ridicularização de pessoas idosas, bem como em discursos de banalização da morte desse grupo populacional.
"Vivemos em um país, cuja população caminha a passos largos para o envelhecimento, mas que nega a velhice. Nós queremos viver muito, mas não sabemos lidar com nosso próprio envelhecimento nem com o envelhecimento do outro”, defende.
Para a especialista, as relações entre as gerações são fundamentais para que o idadismo seja descontruído. “Precisamos pensar o idadismo de forma ampla, entendendo que ele se articula com outras formas de opressão, tais como as com base na classe, raça e gênero. Além disso, é necessário entender que a forma como as gerações se relacionam podem contribuir para que ao invés da cultura do idadismo, tenhamos uma cultura de valorização do envelhecimento”, disse Ingrid.